quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

The evil that men do....

O mal que os homens fazem vive depois deles; O bem que é muitas vezes enterrado com seus ossos".
(Willian Shakespeare em Julius Caesar)



 Quando eu estudava História, há alguns anos atrás no colégio, um dos meus temas favoritos era Ditadura Militar. Não conseguia entender como as forças armadas, criadas para defender nosso país poderia simplesmente dar um golpe de Estado e tomar a nação pra si e posteriormente governá-la a ferro e fogo. Na época da conclusão do meu curso de Jornalismo, pesquisei a fundo o tema para a Monografia e aos poucos fui assimilando melhor os motivos que levaram a este golpe. Por detrás do idealismo do nacionalismo pregado pelos militares, tinha o jogo mais asqueroso e recorrente na história da humanidade: o poder.

Sempre o poder, corrompendo as pessoas e fazendo com que elas façam coisas absurdas em prol dele. E se no indivíduo já tiver enraizada a maldade, ai a coisa fica ainda pior. Porque nesse caso os escrúpulos são ainda menores e a cobiça é apenas uma desculpa para a ruindade latente. E isso se torna visível nos diversos relatos de torturas contra estudantes e jornalistas no período entre 1964, quando foi instaurado o golpe, até o seu fim em 1984. Foram quase vinte anos (isso porque no fim as coisas estavam mais brandas) de sonhos interrompidos por homens truculentos a serviço dos temidos DOI-CODIs (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Que eram bases instaladas em todos estados brasileiros a partir de 1969 e que tinha a missão de coordenar e integrar ações dos órgãos de combate aos indivíduos e organizações que de alguma forma fossem contrários ao regime militar.

 Acima dele havia outro órgão repressor bastante conhecido, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), criando em 1924, ele tinha o objetivo de controlar e reprimir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder. Foi assim durante o Estado Novo de Getúlio Vargas e depois no Regime Militar. O seu delegado mais famoso foi Sérgio Fleury, que não media esforços para perseguir e torturar opositores do golpe. Foi ele o responsável pela morte do ícone da esquerda revolucionária brasileira, o baiano Carlos Marighella. No entanto, Fleury também foi responsável por um dos atos mais covardes e mais podre de todo o regime. No dia 14 de janeiro de 1974 a equipe do delegado capturou e torturou uma criança de apenas um ano e oito meses de vida. Isso mesmo, um bebê! Carlos Alexandre Azevedo era filho do jornalista Dermi Azevedo e da pedagoga Dercy Andozia Azevedo e foi jogado ao chão e mais tarde submetido a choques elétricos.


 Carlos Alexandre sobreviveu as torturas, mas desde então foi morrendo aos poucos, traumatizado pela bestialidade dos "homens da lei". Até que quase 40 anos depois, o rapaz cometeu suicídio com uma overdose de medicamentos. Pois fim a uma vida marcada pelo medo e por alucinações, como por exemplo o barulho que ele ouvia dos trens que passavam atrás da sede do DOPS.

 Agora eu me pergunto, como um sujeito pode participar de uma atrocidade dessas e depois ir pra casa, beijar sua esposa e filhos (porque sim, esses filhos da puta tinham família também) e depois colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz? É impossível acreditar que um ser humano tenha coragem de fazer isso, matar seu semelhante já é algo terrível, quanto mais torturar uma criança indefesa. É repugnante ser da mesma raça de seres assim. Que escondidos sob a bandeira da revolução, não passavam de covardes. O pior é que por causa da Anistia crimes como este ficaram impunes. Seria uma boa se a presidente Dilma conseguisse de fato instaurar a Comissão da Verdade e promovesse uma verdadeira caça as bruxas, chega de acobertar os crimes desses assassinos, que mancharam a história do nosso país com o sangue de milhares de jovens inocentes.

 Que isso sirva de exemplo para quem comete a asneira de falar que quer a volta da Ditadura Militar.

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